Contra o Silêncio e a Violência: A Caminhada de um Policial Civil pelo Fim do Bullying nas Escolas

Contra o Silêncio e a Violência: A Caminhada de um Policial Civil pelo Fim do Bullying nas Escolas

Julho 29, 2025 0 Por Redação

 

 

Por Rodrigo Alessandro Ferreira, Policial Civil e fundador do @rafcyber 

Agradeço ao Portal Timbó Net pela honra de integrar este espaço de diálogo e informação. Neste artigo, compartilho uma parte da minha trajetória — não como autopromoção, mas como convite à reflexão. Falar sobre bullying, cyberbullying e violência escolar não é uma escolha profissional, mas uma urgência social. É sobre o futuro de nossas crianças. É sobre todos nós.

Durante anos, atuei em investigações que poucos enxergam — nos bastidores dos crimes, nas escutas silenciosas, nas oitivas tensas e nas rotinas complexas das delegacias. A violência, aprendi, assume muitas formas: algumas evidentes, outras profundamente disfarçadas — entre muros escolares ou escondidas por trás de uma tela de celular.

Foi nesse cenário que compreendi algo essencial: prevenir também é uma forma de proteger. E tão necessário quanto solucionar crimes, é agir antes que eles aconteçam — especialmente quando envolvem crianças e adolescentes.

Sou Policial Civil em Santa Catarina desde 2012, e minha trajetória tem sido marcada por um compromisso firme com a justiça e a dignidade humana. Com o tempo, fui sendo atravessado por uma inquietação que se repetia em diferentes casos: a violência escolar — física, emocional e digital — estava crescendo, e a resposta institucional ainda era tímida, apesar dos esforços.

Em meio a investigações e estudos sobre ameaças de ataques, bullying sistemático, aliciamento virtual e automutilação entre adolescentes, nasceu o projeto @rafcyber: uma iniciativa pessoal, transformada em missão pública.

O @rafcyber é um canal de escuta, alerta e prevenção. Ali, traduzo minha experiência policial e tecnológica em linguagem acessível, conectando leis, evidências e relatos reais a conteúdos que educam e protegem. Falo para pais, estudantes, professores e gestores. Falo para quem, muitas vezes, está à beira de um colapso emocional — mas não sabe como pedir ajuda.

Hoje, o bullying e o cyberbullying se tornaram epidemias invisíveis. E o mais assustador: estão naturalizados. A exclusão no recreio, as ofensas nos grupos de mensagens, os vídeos humilhantes que viralizam — tudo isso gera sofrimento profundo, silencioso e cumulativo.

Na Polícia Civil, vejo os efeitos: adolescentes com ideação suicida, famílias em conflito, escolas que perderam o controle. No @rafcyber, trabalho para que esse ciclo não se inicie. Porque a violência começa onde termina a escuta. E a proteção começa com informação de qualidade.

Ao combater a violência escolar, entendi que não se trata apenas de repressão. Trata-se de cultura de paz, de empatia, de presença adulta qualificada. Não há aplicativo que substitua um professor atento, uma merendeira observadora, um porteiro focado. Não há filtro digital que proteja o que os pais não estão vendo. Por isso, falo tanto em responsabilidade compartilhada.

É preciso formar comitês multidisciplinares, investir em inteligência emocional nas escolas, integrar segurança pública e educação. E, acima de tudo, é preciso reconhecer que a dor de uma criança invisibilizada pode ser o gatilho de tragédias futuras.

Continuo na Polícia Civil, com foco em tecnologia desde 2020. Paralelamente, atuo como educador digital e articulador de redes de proteção. Porque não existe segurança pública sem segurança emocional. E não existe escola segura sem adultos corajosos o suficiente para romper o silêncio.

Este é meu primeiro artigo para este portal. A partir dele, convido você a refletir comigo — como pai, mãe, profissional da educação ou cidadão — sobre o que estamos (ou não) fazendo para garantir o direito básico de toda criança e adolescente: viver e aprender em paz.

A violência escolar pode até mudar de forma. Mas nossa resposta precisa ser constante: proteger é um dever coletivo.

Rodrigo Alessandro Ferreira.


Rodrigo Alessandro Ferreira | Bullying e Cyberbullying
Policial em Santa Catarina
linktr.ee/rafcyber