Diversidade na sala de aula: melhorias e desafios

Diversidade na sala de aula: melhorias e desafios

Julho 16, 2025 0 Por Redação

 

 

A inclusão de alunos com deficiência vai muito além do acesso ao ensino; saiba como

Em 2025, propostas de inclusão têm sido o foco dos debates das audiências públicas promovidas pela Comissão de Educação do Senado para a construção do novo Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento que orienta o ensino brasileiro deve contemplar melhor as necessidades de cada perfil de estudante, segundo entidades vinculadas à defesa de pessoas com deficiência (PcD).

O foco dos debates é que, para realmente incluir pessoas com diferentes necessidades, não se pode discutir somente o acesso. É preciso falar sobre meios de garantir o aprendizado, o desenvolvimento e o bem-estar dos estudantes.

Apesar de o tema estar ganhando os holofotes no Poder Legislativo nacional, ainda não se fala muito sobre a preparação de profissionais para promover essa inclusão. Não existe formação acadêmica específica para quem pretende atuar com estudantes que têm necessidades especiais. Isso ocorre porque considera-se que os professores devem estar preparados para tratar todos os alunos da mesma forma – caso contrário, ocorreria segregação.

Inclusão na prática

Apenas na categoria autista, há mais de 600 mil alunos matriculados na educação básica brasileira, de acordo com o último Censo Escolar. Este número, cada vez mais expressivo, convoca não só os professores a repensarem o trabalho, como também representa a conscientização das famílias sobre a necessidade de um ensino inclusivo.

Os responsáveis pelos alunos estão cada vez mais informados sobre os direitos que garantem equidade às PcDs, como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) e o artigo 205 da Constituição Federal de 1988, que define a educação como direito de todos e dever do Estado e da família.

Permitir a participação ativa também no que diz respeito ao acompanhamento dos alunos é um dos pilares da escola inclusiva, assim como a capacitação de profissionais para o atendimento adequado aos alunos. Profissionais capacitados entendem que é preciso fazer uso de diferentes estratégias pedagógicas e materiais para que o ensino resulte em aprendizado.

Não basta contar apenas com a presença de mediadores e professores de apoio para se encarregar das necessidades especiais dos alunos – é preciso que o professor responsável pela sala também seja agente desse ensino. O Observatório Nacional de Educação Especial, no entanto, constatou em pesquisas que a capacitação dos professores deixa a desejar desde a graduação.

Por isso, algumas iniciativas têm surgido para mudar este cenário. Podem ser citados os Centros de Referência em Educação Especial Inclusiva (Crei), o Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e os cursos de pedagogia EAD, que têm procurado incluir mais disciplinas voltadas à inclusão e ao atendimento de alunos com diferentes necessidades.

Iniciativas de destaque

Os Creis, ligados à Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), são espaços de capacitação de profissionais da rede pública voltados para a inclusão adequada e equitativa de alunos. As formações oferecidas pelos Creis são contínuas e promovem conhecimentos específicos para aqueles que lidam com estudantes PcDs, incluindo autismo, e alunos com altas habilidades.

Esses centros contam com mais de mil salas, que dispõem de diferentes recursos para assegurar a aprendizagem do público. Além disso, os Creis orientam as escolas sobre melhores recursos e formas de ensino, auxiliam na produção de materiais didáticos e realizam ações para eliminar preconceitos da comunidade escolar.

Outra iniciativa de destaque na capacitação para inclusão é o Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva do Ministério da Educação (MEC), lançado no final de 2024. O curso tem como objetivo preparar professores das salas de aulas comuns para alinhar as práticas pedagógicas já realizadas por eles às políticas de educação especial na perspectiva da educação inclusiva.

Laura Paulino