Educação para o futuro – por Juliano Bona (Gestão e lugar de fala)

Educação para o futuro – por Juliano Bona (Gestão e lugar de fala)

Outubro 1, 2021 Não Por Redação

 

 

Quem pode falar sobre gestão? Quem autoriza quem é autorizado de falar sobre gestão? Perguntas complexas, difíceis de ser respondidas. Vamos arriscar duas repostas. Primeiramente, poderíamos pensar que a legitimidade de falar sobre gestão estaria relacionada a experiência na referida função. A lógica, nesse sentido, é simples, quanto mais tempo de experiência maior será a legitimidade de discursar sobre a gestão, de forma ampla e restrita. Ou seja, a legitimidade vem diretamente da experiência na função. Uma segunda forma de responder, está relacionada a estudos acadêmicos. Determinado indivíduo teria legitimidade de falar sobre gestão em função das leituras, dos estudos e escritos construídos na área. As relações também são simples, assim, quanto mais leitura, tempo e rodagem escrita articulada ao tema gestão, maior a legitimidade de fazer afirmações prescritivas na arte de se pensar na melhor gestão.

Experiências versus rodagem literária em gestão, em última análise, estamos diante de uma série de relações de poder que constituem o lugar de fala do gestor que atua na educação. As duas linhas de resposta são simplórias, acredito que podemos construir outros caminhos. Todavia, se imaginarmos que a pessoa com legitimidade de falar sobre gestão é aquela que está encharcada de experiência na função e nas andanças no espaço escolar, deixamos de lado toda a riqueza intelectiva possível de ser construídas nos estudos e leituras vinculados a temática. De outro lado, se a legitimidade nascer apenas dos estudos e leituras, deixaremos de considerar o poder da experiência e das relações que são singulares ao espaço escolar.

E é neste ponto que podemos pensar nas possibilidades, verticalizar a análise, romper com esta dicotomia que separa teoria e prática. Um gestor ou gestora que se aventura no munda das leituras, estuda as diferentes vertentes de gestão, e que, ao mesmo tempo, circula no campo das experiências educacionais como professor, ou gestor que atua diretamente nas unidas escolares, provoca um ganho não somente nas práticas realizadas como gestor, mas sim, e também, na educação como um todo. O gestor que pensa na teoria e nas estratégias de transpor seus princípios em sua prática, se alinha em direção a um dos grandes desafios de nosso tempo histórico. A complexidade social, tecnológica, educacional, exige que tenhamos uma postura de articulação, junção entre teoria e prática.

Sujeito da prática, sujeito teórico e ligado as leituras atuais na área de gestão, temos que de alguma forma caminhar na direção da construção de um sujeito\gestor\teórico-prático. Sabemos, nesse momento, que as experiências separadas das literaturas embasadas, não são suficientes para darmos conta das exigências e atribuições articuladas a esta função, diante das relações educacionais que se apresentam em 2021 e as transformações que continuarão acontecendo em todos os níveis, municipal, estadual e federal.


Juliano Bona – Doutor em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí – Univali (2020). Professor de matemática, atua na equipe gestora na Rede Pública Municipal de Timbó/SC – Semed. Tem experiência no Ensino Superior nas seguintes áreas: Educação, Educação Matemática, Cálculo Diferencial e Integral, Geometria e Álgebra Linear. Desenvolve pesquisa na área da Educação, Gestão Educacional, Educação Matemática, Processo de Internacionalização do Currículo (IoC), Estudos Interculturais, Intermatemática e Filosofia da Diferença.