Educação para o futuro – por Juliano Bona (“Quanto mais melhor”)

Educação para o futuro – por Juliano Bona (“Quanto mais melhor”)

Novembro 6, 2022 Não Por Redação

 

 

 

“Quanto mais melhor”

               Políticas educacionais e suas amplitudes, áreas de atuação, são as mais diversas. Políticas de inclusão, acesso à educação, construção curricular, arquitetura escolar, são algumas das iniciativas sistematizadas em larga escala e que de alguma forma delimitam os contornos educacionais, suas práticas e difusão social. Todavia, além dessa arquitetura discursiva e seus efeitos, temos, de alguma forma, criar mecanismos que nos permitam avaliar, medir o grau de sucesso diante dos objetivos, ou problemas que determinada política se propõe a atacar.

               Muitas vezes o desejo de medir, apurar os resultados de determinada política, nos leva a pensamentos falsos, simplistas em certa medida. Vamos ao ponto, ao pensar nos objetivos, ou na solução de um determinado problema, nem sempre, e isto se confirma em muitas situações, a relação “quanto mais melhor” é verdadeira. Nem sempre, quanto mais comida nas alimentações feitas nas escolas, significa menos crianças com fome, podem acontecer desvios, desperdícios, que tornam estes momentos nebulosos. Nem sempre, quanto mais material nas escolas, significa um aproveitamento ideal que realmente gere aprendizagem e estruturação pedagógica. Nem sempre, mais profissionais na educação, significa um ganho na qualidade, em muitas situações, a não organização dessas pessoas pode gerar muito tempo de ociosidade. E a mais paradoxal de todas as relações, nem sempre mais dinheiro significa melhor educação, ou, se preferirem, a edificação de uma educação de qualidade.

               Não se engane, é claro que para termos uma educação de qualidade precisamos de investimentos. Isto é necessário e imprescindível, porém, precisamos tratar estas relações com inteligência. As políticas educacionais pautadas na máxima, “quanto mais melhor”, em nosso momento histórico, estão fadadas a não perdurarem ao longo do tempo pelo simples fato dos recursos serem cada vez mais limitados. E é nesta linha que a nova plataforma do ICMS em educação irá atuar a partir de 2023. Estamos diante de uma política educacional que irá revolucionar a educação de Santa Catarina. Não apenas pelo fato de ser uma possibilidade de distribuição de recursos, mas acima de tudo, por subverte a lógica do “quanto mais melhor”, trata-se de uma política baseada em resultados, onde as redes que apresentarem melhor desempenho, segundo uma série de critério estabelecidos, terão direito a uma fatia maior do ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços). Não se trata apenas de um mecanismo de distribuição de recurso para a educação dos municípios, estamos diante de uma dupla oportunidade, aumentar a qualidade da educação de nosso Estado segundo critérios estabelecidos e matematizados, e ao mesmo tempo, estabelecer boas práticas de gestão onde o direcionamento de forma inteligente dos recursos efetivamente tenham consequências práticas e melhore, em última análise, a vida de nossos estudantes.


Juliano Bona – Doutor em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí – Univali (2020). Professor de matemática, atua na equipe gestora na Rede Pública Municipal de Timbó/SC – Semed. Tem experiência no Ensino Superior nas seguintes áreas: Educação, Educação Matemática, Cálculo Diferencial e Integral, Geometria e Álgebra Linear. Desenvolve pesquisa na área da Educação, Gestão Educacional, Educação Matemática, Processo de Internacionalização do Currículo (IoC), Estudos Interculturais, Interm