Futsal – De Pomerode às quadras italianas: a trajetória de Rafinha

Agosto 25, 2025 0 Por Redação

Com apenas 19 anos, Rafael Ramthun Júnior conquista espaço no esporte e vive sonho internacional

A trajetória de Rafael Ramthun Júnior, ou simplesmente Rafinha, como é carinhosamente chamado, tem início no campinho nos fundos de casa, em Pomerode. Na mesma época, aos três anos, ele deu seus primeiros chutes com a bola do Floresta, incentivado desde sempre pelos pais. “Brincava com o pai lá no campinho. Foi ali que tudo começou e depois comecei a treinar com o Floresta”, conta o atleta com brilho nos olhos.
A paixão pelo esporte nunca deu espaço para dúvidas. Aos 11 anos, ingressou na APF Futsal, uma instituição que forma atletas e é considerada celeiro de talentos em Pomerode. Ali permaneceu até os 16 anos, vivenciando treinos intensos, jogos competitivos e muita aprendizagem. “O dia de treinar era o mais feliz da semana. Eu sempre soube que era isso que eu queria, mesmo sem saber exatamente onde ia me levar.”
Com o tempo, os horizontes se ampliaram. Aos 17 anos, Rafinha passou a integrar times de Blumenau e logo após, o Jaraguá Futsal, onde permaneceu por aproximadamente um ano e meio. Foi nesse período que surgiu a oportunidade que mudaria sua vida: uma proposta para jogar na Itália, país onde também possui cidadania.
Tudo começou com uma interação nas redes sociais. “Meu empresário atual me viu no Instagram e notou a bandeirinha da Itália no meu perfil. Começamos a conversar e, quando ele perguntou se eu tinha cidadania e interesse, meu olho brilhou na hora. Falei: ‘vamos!’”, relembra com entusiasmo.
Com o convite formalizado em agosto de 2024, Rafinha organizou sua vida: despediu-se da faculdade de Educação Física e se desligou do Jaraguá. Depois, embarcou no dia 2 de setembro para viver sua nova fase no futsal internacional.

Na Itália: adaptação, vitórias e crescimento pessoal

A mudança não foi apenas esportiva. A adaptação cultural e o dia a dia longe da família exigiram maturidade e resiliência. “O primeiro mês foi puxado. A língua, os afazeres domésticos, morar sozinho… Mas aos poucos tudo foi se encaixando”, afirma.
Jogando como ala, posição que exige versatilidade entre ataque e defesa, Rafinha passou a defender o Jesolo Futsal, em uma charmosa cidade litorânea italiana. Em sua primeira temporada, conquistou a Copa Veneto (equivalente ao estadual), ficou em terceiro lugar na Copa Itália e conseguiu a tão almejada promoção para uma divisão superior. “O time montou uma estrutura forte para subir e conseguimos. Os objetivos foram alcançados.”
Durante a semana, a rotina é dedicada aos treinos e preparação física: são três dias de treinos com o time, jogos nos fins de semana e sessões de academia nos demais dias. “E ainda tem os cuidados com a casa: cozinhar, lavar roupa, limpar… Coisas que aqui no Brasil eu nunca tinha feito”, brinca.

Internacional: Rafinha mostra com orgulho a camisa do time italiano. Foto: Marta Rocha/Testo Notícias

De volta às raízes: férias com bola no pé

Durante o recesso na Itália, Rafinha voltou ao Brasil para curtir pouco mais de um mês e meio de férias. Mas, claro, sem abandonar o futsal: passou a treinar com a equipe sub-17 da Secretaria de Esportes de Pomerode e ainda recebeu convite para treinar com o Jaraguá.
“Ficar duas semanas sem jogar já me deixa inquieto. Quando tô aqui, preciso matar essa saudade. O futsal é a minha vida. Se eu pudesse jogar 24 horas por dia, jogava.”
Planos futuros e a paixão que o move
A próxima temporada inicia já em setembro, com a pré-temporada marcada para os primeiros dias do mês e o Campeonato Italiano com início previsto para 13 de setembro. Além disso, o Jesolo Futsal disputa a Supercopa Veneto, reunindo campeões da Copa e das divisões de acesso.
Rafinha não tem planos imediatos de retornar ao Brasil — pelo contrário, os objetivos traçados desde que conquistou a cidadania estão todos conectados ao cenário europeu. “Se eu volto hoje pro Brasil, até seria legal, mas me distancia desse sonho. Quero seguir crescendo lá fora. O futuro vai dizer se fico até os 30, 35… Não coloco um prazo.”

Foto: Arquivo Pessoal

Mensagem aos jovens e gratidão

Quando pensa nas crianças que sonham em seguir carreira no esporte, Rafinha é direto: “Se é paixão mesmo, não tem como dar errado. Treinar, amar, se dedicar…Tudo vem naturalmente.”
E o jovem não esquece jamais daqueles que estiveram com ele desde o primeiro chute: os pais. “Sem eles, nada disso seria possível. Foram eles que me levaram a cada treino, me apoiaram em tudo. Sei que é difícil hoje, com a distância, mas espero que estejam orgulhosos.”