Indaial – Hospital Beatriz Ramos enfrenta falta de profissionais em Ginecologia e Obstetrícia

Indaial – Hospital Beatriz Ramos enfrenta falta de profissionais em Ginecologia e Obstetrícia

Outubro 17, 2023 Não Por Redação

 

 

por Clarice Graupe Daronco / Jornal do Médio Vale

Ter profissionais de ginecologia e obstetrícia em um hospital é fundamental para garantir a saúde e o bem-estar das mulheres em todas as fases de suas vidas, desde a adolescência até a menopausa, incluindo a gestação e o parto. Eles desempenham um papel essencial na promoção da saúde e no tratamento de condições específicas relacionadas à saúde feminina.

Na semana passada a redação do Jornal do Médio Vale (JMV) recebeu informações de que gestantes moradoras de Indaial estão precisando buscar por atendimento em outros hospitais da região, em razão do Hospital Beatriz Ramos não ter profissional de obstetrícia e ginecologia para atender.
A redação entrou em contato com a direção do Hospital Beatriz Ramos (HBR) através da assessoria de imprensa para entender o motivo a situação que a entidade está vivenciando.

JMV: Por que o Hospital está sem profissionais de ginecologia e obstetrícia no momento?

HBR: O Hospital Beatriz Ramos tem sofrido com a dificuldade em fechar a escala de médicos na obstetrícia, pois nos últimos meses perdemos dois profissionais que realizavam a maioria dos plantões na maternidade. Um dos médicos que coordenava a escala da obstetrícia, que morava em Indaial e fazia a maioria dos plantões, mudou-se para sua cidade natal para voltar a trabalhar na clínica pertencente à sua família. Outro médico, que tinha grande peso na escala de plantonistas, sofreu um acidente doméstico e está incapacitado para a prática da medicina devido à gravidade da lesão sofrida. Sem citar outras situações em que temos afastamentos por licença médica e interesse de médicos em sair dos plantões para montar seus próprios consultórios médicos e clínicas particulares. Porém, é importante ressaltar que o HBR não está sem profissionais, existe uma dificuldade em complementar a escala, devido às perdas acima citadas. Novos profissionais da obstetrícia se formam no início de 2024, ocasião em que, provavelmente, deve normalizar o atendimento médico em obstetrícia.

JMV: Qual é o impacto dessa falta de profissionais na comunidade atendida pelo Hospital?

HBR: Antes de tudo, é importante dizer que faltam profissionais da obstetrícia no país inteiro. A oferta de trabalho para médicos obstetras é muito maior que a procura. Sem dizer que o médico obstetra, muitas vezes, opta por trabalhar em consultórios e clínicas ao invés do serviço público ou SUS. Para um serviço que sentiu a perda de grandes profissionais ao longo deste ano em vigência, a reposição, por motivos óbvios, será proporcionalmente mais difícil. Existe um hiato entre a saída de profissionais e a admissão de novos. Há um evidente período de “entressafra” até o término da formação de novos profissionais, porém as pacientes jamais deixaram de ser atendidas no HBR e todos os esforços foram montados para que não houvesse prejuízo algum destas pacientes que procuraram nosso serviço.

JMV: Existe um plano para resolver essa carência de profissionais de ginecologia e obstetrícia?

HBR: O HBR está todo voltado a sanar a falta destes profissionais. A administração e as coordenações médicas, há alguns meses, fazem contatos diários com médicos e instituições do país inteiro, anúncios em sites médicos para a vaga e conversa frequente com os órgãos de regulação e Ministério Público. O Hospital aumentou os valores de remuneração e acreditamos que estamos praticando um valor considerado acima do mercado proposto para a região do Médio Vale do estado de Santa Catarina.

JMV: Quem são os diretores Clínico e Técnico do Hospital e o responsável pelo setor de Ginecologia e Obstetrícia?

HBR: O coordenador da Obstetrícia solicitou recentemente a saída de suas funções. O cargo de coordenador da Obstetrícia está momentaneamente vago. Já o diretor Técnico é o doutor Cláudio Kiyoshi Kroda (CRM 13.584/RQE 7141) que atua na especialidade de anestesiologista e o diretor Clínico é o médico ortopedista, Luis Felipe Rodrigues da Silveira (CRM 13.713/RQE 11035).

JMV: Enquanto a carência persiste, como estão sendo providenciados os serviços de saúde feminina, como consultas de rotina, exames e atendimento a gestantes?

HBR: As consultas de rotina ficam a cargo da Secretaria de Saúde. Cabe ao Hospital o atendimento médico que é de sua competência. As pacientes, quando chegam ao Hospital, abrem ficha de atendimento médico, a triagem é realizada pela enfermagem com o acolhimento das queixas que motivaram o atendimento e a coleta dos dados vitais e o médico plantonista realiza a consulta e avaliação. Em determinadas situações o próprio médico pode realizar o atendimento, fazer as orientações, receita médica se preciso e liberar a paciente para o domicílio. Em outros casos, é necessário encaminhar ao médico especialista para uma avaliação pormenorizada e, em caso de necessidade de intervenção, realizá-la prontamente.

JMV: O Hospital está buscando parcerias com outras instituições de Saúde para garantir o atendimento temporário?

HBR: O HBR pertence e faz atendimentos através do Sistema Único de Saúde (SUS). Existe uma pactuação do Estado de Santa Catarina através da Rede de Urgência e Emergência (RUE) a qual estabelece serviços que se responsabilizam e se cooperam para o atendimento especializado de cada área médica. Estes serviços se complementam, se cooperam e estabelecem em situações de contingência. Temos que lembrar que o atendimento ao SUS é universal, independente de cidade ou instituição!

JMV: Existem recursos disponíveis para encaminhar pacientes que necessitam de atendimento de Ginecologia e Obstetrícia para outros hospitais ou clínicas da região?

HBR: Os recursos disponíveis ao transporte de pacientes são custeados pelo município no caso da ambulância branca, Anjos da Vida e SOS UNIMED, básica do SAMU, ambulâncias avançadas (com médico) e Arcanjo (transporte aéreo) pelo Estado. O transporte segue uma linha de atendimento disponibilizado a todos os pacientes, inclusive politraumatizados ou que necessitem de serviços de urgência e/ou emergência.

JMV: Como a comunidade está sendo informada sobre essa falta de profissionais e sobre as alternativas disponíveis para o atendimento?

HBR: A Rede Pública de Saúde é constantemente informada por meio de ofícios e disparos de informações. O Sistema de Regulação, o Corpo de Bombeiros e o SAMU recebem e-mails sempre que não exista médico plantonista. Há também avisos na entrada do Hospital nos dias em que não tem médico obstetra no plantão.

JMV: O Hospital está oferecendo suporte e orientação às gestantes do município sobre onde buscar cuidados durante esse período?

HBR: Já informado anteriormente que as pacientes tem seus atendimentos abertos (são acolhidas e triadas) e são encaminhadas somente em casos de necessidade após a avaliação de médico do Pronto Socorro.

JMV: Há algum programa de incentivo ou ação específica para atrair profissionais de Ginecologia e Obstetrícia para trabalhar no Hospital?

HBR: Como citado anteriormente, temos oferecido um valor hora plantão acima do praticado pelo mercado. Temos oferecido boas condições de trabalho que incluem disponibilidade de consultório médico (para convênios e particulares) e realização de cirurgias eletivas com o pagamento de prêmios pactuados pelo Estado de SC (fora dos dias de plantão médico). Diante de boas condições de pagamento e falta de procura de profissionais da área, entendemos que o problema tem sido sistêmico. E reforçamos que estamos em um período de entressafra na formação de profissionais da área.

JMV: Qual é a prioridade da administração do Hospital para resolver essa situação e garantir um atendimento adequado às mulheres da comunidade?

HBR: A administração tem direcionado todos os seus esforços para a normalização do atendimento. Houve incentivo financeiro aos profissionais, inúmeras propostas de trabalho, informes aos diretores dos hospitais da região, conversas com o Ministério Público, anúncios em sites médicos de impacto nacional (SIMESC, ACM, SOGISC) e contatos com médicos das cidades de Indaial, Pomerode, Timbó, Taió, Rio do Sul, Blumenau, Gaspar, Itajaí, Balneário Camboriú, Joinville, Ibirama, Itapema, Brusque, Florianópolis dentre outras.

JMV: Qual é a quantidade média de partos realizada mensalmente no Hospital?

HBR: Em torno de 60 a 70 (entre cesáreas e partos normais).

JMV: O Hospital registrou um aumento no número de partos particulares? Esse aumento está relacionado à falta de médicos para atender as pacientes pelo SUS?

HBR: As gestantes, a partir do momento em que optam o atendimento pelo SUS, não podem mudar seu atendimento para outro, tipo de convênio ou particular! Não há aumento de convênios e particulares por conta deste ocorrido no HBR. Se pretendemos aumentar o número de atendimentos por convênios ou particulares, certamente não será desta forma. Estamos diante de um problema que precisa e deve ser resolvido, mas não é, e nunca será, base para a prática de ilicitudes e crimes!