Visto como vilão, trigo pode ser incluído na dieta sem terrorismo nutricional

Visto como vilão, trigo pode ser incluído na dieta sem terrorismo nutricional

Janeiro 12, 2021 Não Por Redação

 

 

Professor de Nutrição esclarece mitos que envolvem o alimento

De acordo com a última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, contribui com cerca de 18% das calorias na mesa do brasileiro. Segundo Rodrigo Ruegg, professor de Nutrição da Estácio, o alimento, tido como vilão por muitos, tem sim os seus benefícios e pode ser inserido na dieta de forma equilibrada, com ajuda de nutricionistas.

“O trigo é rico em carboidratos, vitaminas do complexo B e fibras quando na sua forma integral, o que acaba sendo um grande aliado no auxílio para o controle intestinal, saciedade e bons níveis de glicose e gorduras no sangue”, explica. Rodrigo esclarece que o trigo em si não possui nenhum malefício, a não ser para quem tem doença celíaca – distúrbio intestinal autoinmune desencadeado pelo glúten – proteína presente no trigo.

“Infelizmente, diante disso, o glúten foi demonizado e o mercado de produtos sem esse ingrediente emergiu com promessas de serem mais saudáveis, e até mesmo de emagrecimento, o que não é verdade”, afirma o professor de Nutrição.

Rodrigo ainda faz o alerta de que a retirada do glúten da dieta de indivíduos saudáveis pode trazer complicações. “A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição orienta que o corte dos alimentos com trigo da dieta pode trazer efeitos deletérios sobre a microbiota intestinal de pessoas saudáveis. E a American Heart Association relaciona essa retirada com um maior risco de desenvolvimento de diabetes do tipo 2, devido à redução do consumo de fibras que estão presentes em alimentos com glúten”, alerta.

De acordo com pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), o consumo desses produtos durante a pandemia aumentou em 15% a demanda por trigo no Brasil. Para o especialista, o problema está na falta de equilíbrio no consumo de produtos refinados e integrais.

“Boa parte dos alimentos contendo trigo tem o custo mais acessível, o que acaba sendo um forte argumento para a maioria dos brasileiros. O problema é que hoje em dia o consumo de trigo refinado é muito maior do que o integral, mas não podemos condenar o uso de produtos refinados quando há um equilíbrio, o que pode ser planejado por um nutricionista”, afirma.

 

Márcia Oliveira – Jornalista