Microcrédito avança no segmento de moradia popular

Microcrédito avança no segmento de moradia popular

Setembro 27, 2022 Não Por Redação

 

 

Opção para pessoas desbancarizadas ou com renda insuficiente para acessar os financiamentos tradicionais, o microcrédito ganha espaço como fonte de recursos para construção da casa própria. Dados do Banco da Família, que atua nos três estados do Sul, mostram crescimento no volume de dinheiro liberado nos últimos anos para projetos residenciais. O total passou de R$ 5,51 milhões em 2019 para R$ 8,77 milhões no ano seguinte e R$ 9,08 milhões em 2021. Agora, em oito meses, o total financiado ultrapassou os R$ 5,5 milhões.

Em dez anos, desde a abertura dessa linha de crédito específica, a instituição liberou R$ 44,3 milhões para clientes de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul. Os 3522 contratos, com um ticket médio de R$ 11.797, beneficiaram mais de 14 mil pessoas. É o caso da aposentada Eroni Terezinha Monteiro, de União da Vitória (PR). Aos 63 anos, ela trabalha como diarista para completar o orçamento e não conseguiu tomar financiamento nos bancos comerciais para a casa nova. “Descobri que o microcrédito se adapta ao poder de pagamento de cada um”, diz ela, que há um ano concluiu as obras da casa onde mora com a filha Andrielli e o genro Mateus.

Na cidade gaúcha de São Marcos, região metropolitana de Porto Alegre, o professor Fernando Zucco também tomou o microcrédito para erguer uma casa no terreno ao lado de onde vive. A residência que vai ser ocupada pela avó, a mãe, um casal de tios e um primo deve estar pronta até o fim de outubro.

Esperando o primeiro filho, Hercules de Sá Claudino e a esposa Pamela sonhavam com uma residência própria. Por ter apenas 20 anos de idade, o soldado que trabalha no Batalhão Ferroviário do Exército em Lages (SC) não acreditava que iria conseguir o financiamento. Ao procurar o Banco da Família, acabou surpreendido. “O microcrédito foi a solução perfeita, pois é uma ferramenta que ajuda quem não têm as condições financeiras ideais para construir uma casa”. Com a obra na reta final, ele espera mudar até o final de setembro.

Presidente do Banco da Família, Isabel Baggio diz que a criação da linha específica surgiu por causa da alta demanda. “Acreditamos que podemos colaborar, auxiliando mais famílias a terem acesso a casas populares, com segurança, conforto e o mínimo de burocracia”.

Dados da Fundação João Pinheiro, cujos estudos sobre o setor habitacional do Brasil são utilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, mostram que o déficit habitacional ainda é um problema no Sul. Os números mais recentes, divulgados em 2021, levam em consideração o período de 2015 a 2019. No Rio Grande do Sul havia um déficit de 220.891 residências. No Paraná, de 240.090 e em Santa Catarina, de 144.640.


Giovanna Olivo – ALL Press